Há vinte anos a música brasileira perdia Cazuza, uma das primeiras vítimas do universo da música, mesmo em nível mundial, a tombar em consequência da AIDS. Em um carreira relativamente curta - cerca de sete anos registrados em disco divididos entre o período em que cantou no Barão vermelho e a carreira solo iniciada em 1985, o cantor deixou sua marca de forma definitiva na cultura nacional e sua ausência continua sendo sentida.
A maior razão para isso talvez seja porque a obra dele soe incompleta. Ao contrário de muitos artistas que nos deixam antes do tempo, mas que partem deixando a sensação de tarefa cumprida, quando pensamos na obra Cazuza é impossível não pensar que ele provavelmente encontraria a sua voz definitiva na maturidade. Isso porque o cantor sempre trafegou entre o rock e a MPB em uma época onde isso além de não ser muito comum também não era visto com bons olhos. Exatamento o tipo de pensamento que foi sendo abolido a partir da década de 90.
Os discos de Cazuza sempre sofreram um pouco por causa dessa mentalidade e também com problemas de produção. Não a toa o melhor disco para se entender o alcance dele seja o ao vivo
"O Tempo Não Para" (que vergonhosamente nunca foi relançado em uma edição especial com o show completo), onde as canções ganham em fôlego o que só aumenta o impacto do texto.
Mesmo com a doença cobrando seu preço, Cazuza continuou trabalhando no que seria seu último disco lançado em vida "Burguesia". O disco duplo não foi bem recebido pela crítica, que o achou um tanto indulgente e também não vendeu muito, até porque foi lançado em um dos piores períodos econômicos da nossa história recente.
A partir daí todos sabiam que era só uma questão de tempo até ele nos deixar. Dia sim, dia não alguém soltava o boato até que no dia 07 de julho de 1990 o rumor acabou confirmado.
Desde então a obra de Cazuza passou por períodos de alta e baixa, mas seu talento de letrista e o carisma que emanava nunca foram questionados. De tempos em tempos algum lançamento surge para colocá-lo novamente em voga, como o livro escrito por sua mãe, "Só As Mães São Felizes" de 1997 ou o belo filme de Sandra Werneck "Cazuza - O Tempo Não Para" de 2004. E hoje, vinte anos depois, percebemos como ele foi importante e como radiografou tão bem um período tão rico e conturbado do nosso país.
Nunca vou esquecer quando eu coloquei pra rodar "Preciso dizer que te amo", e minha mãe começou a cantar, e eu perguntei se ela conhecia e ela disse o seguinte: "..é, eu preciso dizer que te amo, tanto!"
Um dia, quero cantar essa música pra um filho meu!
Beijos, Juh ;*
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